Chade

 

Ex-colônia francesa, o Chade tem mais da metade de seu território ocupado pelo deserto do Saara. Localizado no centro-norte da África, sem saída para o mar, é o quinto maior país em área e um dos mais pobres do continente. Mais de 75% da população, formada por negros, árabes e grupos nômades, não têm acesso a água potável nem a saneamento. A nação enfrenta uma guerra civil que se arrasta desde os anos 70. Apesar de um cessar-fogo e da realização de eleições, os conflitos continuam. A economia, baseada no cultivo de algodão, está estagnada, mas há expectativa de grande aumento de receitas com a exploração de reservas de petróleo descobertas recentemente.

Fatos Históricos
A região em torno do lago Chade é cenário de importantes civilizações na Antiguidade. No século XVI é dominada por traficantes de escravos. Em 1905, os franceses ocupam o território e instalam companhias de comércio. Após o fim da II Guerra Mundial, Chade é considerado pela França uma província de ultramar. Em 1960 obtém a independência sob a Presidência de François Tombalbaye, ligado às tribos bantus do sul, predominantemente cristãs e animistas. Os habitantes do norte, muçulmanos, são colocados em segundo plano pelo governo, contra o qual se rebelam em 1965. Tombalbaye mantém-se no poder por 15 anos graças à ajuda militar francesa, mas não derrota os guerrilheiros do norte, unificados na Frente de Libertação Nacional (Frolinat). Tombalbaye é assassinado em 1975, em um golpe liderado por outro sulista, o general Félix Malloum, e apoiado pela França. A guerrilha prossegue com o apoio da Líbia.

Guerra civil
Em 1978, a Frolinat obtém avanço no norte sob a liderança de Goukouni Oueddei, até ser contida por tropas francesas. Um acordo entre o governo de Malloum e uma das alas da Frolinat instala Hissène Habré na chefia do governo. Os dois entram em confronto, o que resulta em luta entre suas facções. Habré toma a capital, Ndjamena, e força a fuga de Malloum. Nova tentativa de paz coloca Oueddei na Presidência. Entre 1980 e 1984, porém, o país é dilacerado pela guerra civil. As nações estrangeiras envolvidas no conflito, França e Líbia, defendem seu interesse pela estratégica região do Magreb e pelas reservas de urânio e petróleo ali existentes. De um lado estão as forças de Habré, localizadas no sul e apoiadas pela França; de outro, as de Oueddei, baseadas no norte, com apoio da Líbia. Em 1985, alguns chefes guerrilheiros rompem com Oueddei e integram o governo. Fortalecido, Habré derrota Oueddei e expulsa os líbios, que recuam para a faixa de Aozou.

Transição
Depois de uma fracassada tentativa de golpe de Estado e de breve exílio no Sudão, o coronel Idriss Deby promove uma ofensiva vitoriosa em 1990 e expulsa Habré para o Senegal. Em 1991, o país adota uma Carta Nacional que institui um governo de transição para a democracia. Os conflitos prosseguem com a ação de grupos guerrilheiros independentes. Entre 1991 e 1994, Deby enfrenta tentativas de golpe e protestos populares, que resultam em vários massacres. Em 1993, o líder oposicionista Abbas Koti, que havia assinado um acordo com o governo, é morto ao tentar um golpe de Estado. A Corte Internacional de Haia restitui ao país, em 1994, a faixa fronteiriça de Aozou, rica em urânio, ocupada pela Líbia em 1973.

Eleições
Após longa negociação, o governo e 13 grupos políticos armados acertam o cessar-fogo em março de 1996. O Acordo de Franceville cria uma força policial para auxiliar a comissão eleitoral a garantir a segurança e a transparência nas eleições presidenciais, que ocorrem em junho e julho e são vencidas por Deby, com 47% dos votos. Em janeiro e fevereiro de 1997 realizam-se eleições para a Assembléia Nacional. Observadores internacionais reconhecem o pleito como limpo e democrático. O partido do presidente Deby, Movimento Patriótico da Salvação (MPS), obtém 55 cadeiras (de um total de 125), e a União pela Renovação e pela Democracia (URD), principal partido oposicionista, fica com 31.

Exploração do petróleo
Grupos político-militares continuam a luta contra o governo, e, em represália, as forças de segurança atacam várias cidades. Em março de 1998 ocorrem combates no sul, na região petrolífera de Logone, entre o Exército e os guerrilheiros das Forças Armadas para uma República Federal (Farf). Segundo a Anistia Internacional, as forças governamentais matam nesse conflito cerca de cem civis. O governo rebate a acusação, admitindo 50 mortes, das quais 31 soldados da Farf. Em maio é assinado o acordo de paz entre o governo e o grupo guerrilheiro. O motivo da hostilidade é a luta pelo controle dos campos petrolíferos, cuja produção deve ser comercializada a partir do ano 2000. Um consórcio entre as multinacionais Esso, Shell e Elf é formado e planeja montar, com auxílio de recursos do Banco Mundial, a infra-estrutura dos poços e de um oleoduto que deve atravessar o sul do país e todo o território de Camarões, até o porto de Kribi.

Dados Gerais
Nome oficial: República do Chade (République du Tchad/Jumhuriyat Tashad)
Capital: Ndjamena
Nacionalidade: chadiana Idioma: árabe e francês (oficiais)
Religião: islamismo 54%, cristianismo 34,7% (católicos 20,3%, protestantes 14,4%), crenças tradicionais 7,3%, outras 4% (1993)
Moeda: franco CFA
Cotação para 1 US$: 606,00 (jul./1998)

Geografia
Localização: centro da África
Características: depressão desértica cercada por montanhas (N a SE); planalto do Tibesti (N); lago Chade (O); planície tropical (S)
Clima: tropical (S), árido tropical (N)
Área: 1.284.000 km²
População: 6,9 milhões (1998)
Composição étnica: afro-árabes 87%, tubus 13% (tuaregues berberes) (1996) Cidades principais: Ndjamena (530.965), Mondou (282.103), Bongor (196.713), Sarh (193.753), Abéché (187.936) (1993)

Governo
República com forma mista de governo.
Divisão administrativa: 14 prefeituras.
Chefe de Estado: presidente Idriss Deby (MPS) (desde 1990, eleito em 1996).
Chefe de governo: primeiro-ministro Nassour Guelendouksia Ouaido (MPS) (desde 1997).
Principais partidos: Movimento Patriótico de Salvação (MPS), União pela Renovação e pela Democracia (URD), União Nacional pelo Desenvolvimento e pela Renovação (UNDR).
Legislativo: bicameral - Assembléia Nacional, com 125 membros eleitos por voto direto para mandato de 4 anos; Senado (até outubro de 1998 ainda não havia sido estabelecido).
Constituição em vigor: 1996.

Economia
Agricultura: caroço de algodão (125 mil t), pluma de algodão (85 mil t), milhete (250 mil t), sorgo (425 mil t), amendoim (250 mil t) (1997)
Pecuária: bovinos (5 milhões), caprinos (3,8 milhões), ovinos (2,6 milhões), suínos (19 mil), eqüinos (508,4 mil), camelos (677,1 mil), aves (4,7 milhões) (1997)
Pesca: 80 mil t (1995)
Mineração: natrão Indústria: beneficiamento de algodão
Parceiros comerciais: França, Camarões, EUA, Nigéria

Relações Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, OUA
Embaixada: 2002, R Street NW, Washington D.C. 20009, EUA
tel. (202) 462-4009, fax (202) 265-1937

 

Fonte: Almanaque Abril CD-ROM 1999 - 6.ed