Eritréia

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A Eritréia situa-se na costa do mar Vermelho, no nordeste do continente africano, na região conhecida por Chifre da África. Seu território é predominantemente desértico, com temperatura superior a 40°C à tarde, na depressão de Danakil (130 m abaixo do nível do mar), a área mais quente e árida do país. Já nas montanhas - várias ultrapassam 2.000 m de altura -, o clima é bem mais ameno. O turismo é promissor e um dos maiores atrativos é o arquipélago de corais Dahlak, rico em animais marinhos, hoje um parque nacional. Independente desde 1993, a Eritréia é uma das nações mais jovens da África. Os 30 anos da Guerra de Secessão com a Etiópia devastam o país e deixam cerca de 100 mil mortos. Com a pacificação, a prioridade é atrair investimento externo e reconstruir a economia, debilitada também por anos de seca.

Fatos Históricos
A dinastia Axum, da Etiópia, reina no território da Eritréia no século I. A partir do século VII entra em decadência e a região é dominada ora pelos árabes, ora por reis etíopes, até a chegada dos colonizadores italianos, no final do século XIX. Em 1890, a Itália unifica suas possessões na região em uma só colônia. Na II Guerra Mundial, em 1941, tropas britânicas ocupam o país, expulsando os italianos de todo o Chifre da África. O Reino Unido administra a região até 1952, quando a ONU aprova a união da Eritréia com a Etiópia em uma federação sob soberania da Coroa etíope. Mas o imperador etíope, Haile Selassie, não concede a prometida autonomia à Eritréia, frustrando as expectativas da população. Surgem, então, grupos guerrilheiros de libertação, comandados por líderes muçulmanos.

Guerra de libertação
A fundação da Frente de Libertação da Eritréia (ELF), em 1961, marca o início da rebelião armada contra a Etiópia. Em reação, Selassie suprime a federação em 1962, anexando a Eritréia como uma província etíope - medida que agrava o conflito. Incapaz de derrotar os separatistas eritreus, Selassie perde o poder na Etiópia em 1974. Mas a ELF se enfraquece em confrontos com uma nova organização surgida em 1970, a Frente Popular de Libertação da Eritréia (EPLF), de orientação marxista, à qual finalmente se integra em 1987. Em maio de 1991, a guerrilha passa a controlar a totalidade do território eritreu. A libertação estimula a queda da ditadura de Mengistu Haile Mariam na Etiópia, no mês seguinte, pela Frente Revolucionária Democrática do Povo Etíope, apoiada e treinada pela EPLF. O novo governo etíope respeita o compromisso com os aliados eritreus e reconhece a independência da Eritréia.

Governo independente
A EPLF assume o poder em 1993 e estabelece um governo de transição de quatro anos, período previsto para elaborar a Constituição e preparar as eleições pluripartidárias no país. A Assembléia Nacional provisória (nomeada) elege o secretário geral da EPLF, Issaias Afwerki, para presidente da Eritréia. Em 1994, a EPLF muda seu nome para Frente Popular pela Democracia e Justiça (PFDJ) e permanece como o único partido legal. Uma Constituição é adotada em 1997, mas as eleições parlamentares, inicialmente prometidas para o mesmo ano, não haviam ocorrido até novembro de 1998. O apoio dos Estados Unidos e da Itália ao governo de transição eritreu garante investimentos na área de mineração e exploração petrolífera.

Conflitos internacionais
No plano externo, a incursão no Estado do grupo fundamentalista Jihad Islâmica da Eritréia (JIE), até 1993 baseado no Sudão, deteriora as relações entre os dois países. Em 1994, Eritréia e Sudão assinam acordo para demarcar fronteiras e repatriar os cerca de 350 mil refugiados eritreus que ainda estão no Sudão. Segundo a Eritréia, 127 mil já retornaram espontaneamente. A Eritréia entra em confronto também com o Iêmen ao ocupar Grande Hanish, a maior das três ilhas do mar Vermelho reivindicadas pelas duas nações. A ofensiva, realizada em 1995, é condenada pelos governos árabes. Em acordo selado em 1996, a Eritréia compromete-se a aceitar o veredicto de um tribunal internacional sobre a disputa. O mais recente embate externo, ocorrido em maio e junho de 1998, envolve sua tradicional aliada desde a independência, a Etiópia. As duas nações acusam-se mutuamente de invasão territorial e lançam ataques na região fronteiriça - inclusive aéreos - que matam dezenas de civis. Cerca de 2 mil estrangeiros deixam a Eritréia no auge das tensões.

Dados Gerais
Nome oficial: República da Eritréia
Capital: Asmará
Nacionalidade: eritréia
Idioma: inglês, árabe, tigrina, tigre, danaquil, saho, afar, edareb, cunama, nara, bilieno
Religião: cristianismo 50%, islamismo 50% (1993)
Moeda: nakfa
Cotação para 1 US$: 7,35 (jul./1998)

Geografia
Localização: leste da África
Características: planalto (NO); planície litorânea
Clima: árido tropical
Área: 121.143 km²
População: 3,5 milhões (1998)
Composição étnica: tigrinas 50%, tigres e cunamas 30%, afars 4%, sahos 3%, outros 13% (1996)
Cidades principais: Asmará (400.000), Assab (50.000), Keren (40.000), Massawa (40.000) (1992); Mendefera (14.800) (1989)

Governo
República presidencialista.
Divisão administrativa: 6 regiões. Chefe de Estado e de governo: Issaias Afwerki (desde 1991, eleito pela Assembléia Nacional em 1993).
Partido Político: Frente Popular pela Democracia e Justiça (PFDJ) (único legal).
Legislativo: unicameral - Assembléia Nacional provisória, com 150 membros (75 do PFDJ, 60 da Assembléia Constituinte e 15 representantes dos eritreus residentes fora do país) nomeados.
Constituição em vigor: 1997.

Economia
Agricultura: trigo (12 mil t), milho (10 mil t), milhete (37 mil), sorgo (80 mil t) (1997); cereal africano
Pecuária: bovinos (1,3 milhão), ovinos (1,5 milhão), caprinos (1,4 milhão), camelos (69 mil), aves (4,3 milhões) (1997)
Pesca: 3,8 mil t (1995)
Mineração: calcário (80 mil t), argila (81,6 mil t) (1996)
Indústria: calçados, alimentícia, bebidas, têxtil
Parceiros comerciais: Arábia Saudita, Itália, Etiópia, Sudão

Relações Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, OUA
Embaixada: 1708, New Hampshire Avenue NW, Washington D.C. 20009, EUA
tel. (202) 319-1991, fax (202) 319-1304

 
 
Fonte: Almanaque Abril CD-ROM 1999 - 6.ed