Etiópia
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A
Etiópia fica no nordeste do continente africano, numa
região de planaltos conhecida por Chifre da África. Secas
periódicas assolam o país, que tem a região (Dabol) com
maior temperatura média (34°C) em todo o mundo. Dois terços
das terras são férteis e a agricultura é dinâmica, predominando
as culturas de cereais e café. É uma das duas únicas nações
africanas (a outra é a Libéria) que não foram colonizadas
pelos europeus, cuja presença na região se restringe ao
curto período da ocupação italiana (1936 a 1941). Também
não foi conquistada pelo Império Árabe, conservando até
hoje uma forte tradição cristã. O Estado ainda sofre as
conseqüências da longa guerra civil iniciada nos anos
60, que só termina no início da década de 90. Com a independência
da província da Eritréia, a Etiópia perde o estratégico
acesso ao mar Vermelho.
Fatos
Históricos
Segundo a tradição, a Monarquia etíope é fundada no ano
1000 a.C. por Menelik I, filho do rei Salomão e da rainha
de Sabá. O cristianismo é introduzido pelos coptas, provenientes
do Egito, e torna-se religião predominante no século IV.
A Etiópia resiste à invasão árabe no século VII, à chegada
de missionários católicos portugueses no século XV e à
tentativa de colonização italiana no século XIX. Em 1930,
Haile Selassie é coroado imperador. A Itália invade o
país em 1935 e o ocupa no ano seguinte, apesar da oposição
etíope. O Reino Unido dá asilo a Selassie e envia tropas
à Etiópia, expulsando os italianos em 1941 e reconduzindo
Selassie ao trono. Soldados britânicos ficam no país até
1952. Com apoio dos EUA, aliados de Selassie, a ONU aprova
a incorporação da Eritréia pela Etiópia, numa federação
sob a soberania da Coroa etíope. A federação, em vigor
de 1952 a 1962, funciona apenas no papel, pois Selassie
não admite autonomia e incorpora a Eritréia como província
etíope. Os guerrilheiros eritreus reagem à anexação e
deflagram a luta pela secessão.
Regime
Militar
Em 1974, Haile Selassie é destronado por um golpe liderado
pelo general Aman Michael Andom e morre na prisão um ano
depois. É proclamada a República e tem início um período
de intrigas palacianas. Em 1976, o coronel Mengistu Haile
Mariam toma o poder, nacionaliza empresas privadas, realiza
reforma agrária e aproxima o país da URSS. Em 1977, a
Somália invade a Etiópia em apoio ao movimento separatista
de comunidades somalis no deserto de Ogaden. Os agressores
são expulsos com a ajuda de soldados cubanos. O regime
enfrenta, também, guerrilheiros da Eritréia e rebeldes
da província de Tigre, que exigem autonomia. A concentração
do poder nas mãos dos militares provoca protestos. O Dergue
(partido do governo) responde com repressão. O período
entre 1977 e 1978 fica conhecido como "terror vermelho"
pelo assassinato de cerca de 10 mil opositores do regime.
Fome
A fome devasta o país em 1984, provocando centenas de
milhares de mortes. Enfraquecido, o Regime Militar sofre
derrotas na Eritréia e enfrenta avanços da Frente Revolucionária
Democrática do Povo Etíope, criada em 1989 e apoiada pelos
guerrilheiros eritreus. Em 1991, uma ofensiva derruba
o governo de Mengistu, que foge do Estado. Os rebeldes
tomam Adis-Abeba, a capital, e instauram um governo provisório.
O novo governo mantém a promessa de apoiar a causa da
Eritréia, cuja independência é reconhecida em 1993.
Democracia
O governo de transição, entre 1991 e 1994, institui o
pluripartidarismo e a economia de mercado. Nas eleições
de 1994, a Frente Revolucionária Democrática do Povo Etíope
(EPRDF) obtém maioria na Assembléia Constituinte. A nova
Constituição, adotada em 1995, estabelece um governo federal
e a divisão do país - com a denominação de República Federal
Democrática da Etiópia - em nove estados. O Parlamento
elege Negasso Gidada para presidente e Meles Zenawi para
primeiro-ministro. Em 1996, morre no exílio, nos EUA,
o príncipe herdeiro do trono etíope, Asfa Wossen, filho
de Haile Selassie. Em 1997, três atentados a bomba em
Adis-Abeba deixam um morto e 73 feridos. Os ataques são
atribuídos ao grupo somali Al-Itihad Al-Islam, que luta
pela independência da região de Ogaden. Em nome do combate
à corrupção - que em 1996 levara à prisão do ex-primeiro-ministro
Tamirat Layne -, o governo demite, em 1997, centenas de
funcionários públicos acusados de improbidade.
Conflito
de fronteira
Etiópia e Eritréia se envolvem em conflito de fronteira
em maio e junho de 1998, rompendo a tradição de anos de
bom relacionamento. No auge das tensões, bombardeios aéreos
contra alvos dos dois países matam dezenas de civis e
cerca de 2 mil estrangeiros são obrigados a deixar a Eritréia.
Dados
Gerais
Nome oficial: República Democrática da Etiópia (Ityjopya)
Capital: Adis-Abeba
Nacionalidade: etíope
Idioma: amárico (oficial), inglês, línguas regionais
Religião: cristianismo 57% (ortodoxos etíopes 52,5%, outros
cristãos 4,5%), islamismo 31,4%, religiões tradicionais
11,4%, outras 0,2% (1980)
Moeda: berr
Cotação para 1 US$: 7,04 (jul./1998)
Geografia
Localização: leste da África
Características: relevo montanhoso formado pelos planaltos
da Etiópia (L) e da Somália (O) e dividido pelo vale da
Grande Fenda (sentido SO-NE); lagos; planícies (NO e SE)
Clima: árido tropical (N), tropical (S)
Área: 1.130.139 km²
População: 62,1 milhões (1998)
Composição étnica: oromos 40%, amarás e tigrinas 32%,
sidamos 9%, chanquelas 6%, somális 6%, outros 7% (1996)
Cidades principais: Adis Abeba (2.112.737), Dire Dawa
(164.851), Harrar (131.139), Nazret (127.842), Gonder
(112.249) (1994)
Patrimônios da Humanidade: Parque Nacional Simen; Igrejas
Rupestres de Lalibela, Fasil Ghebbi e Monumentos de Gondar
Region; Vale Baixo do Rio Awash; Estrelas Gravadas de
Tiya; Sítio Arqueológico de Aksum; Vale Baixo do Rio Omo
Governo
República parlamentarista.
Divisão administrativa: 9 estados e 1 área metropolitana
(Adis-Abeba).
Chefe de Estado: presidente Negasso Gidada (EPRDF) (desde
1995).
Chefe de governo: primeiro-ministro Meles Zenawi (EPRDF)
(desde 1995).
Principais partidos: coalizão Frente Revolucionária Democrática
do Povo Etíope (EPRDF) (Movimento Nacional Democrático
Amhara, ANDM; Organização Democrática do Povo de Oromo,
ODPO; Frente de Libertação do Povo do Tigre, TPLF).
Legislativo: bicameral - Conselho da Federação, com 117
membros escolhidos por assembléias estaduais; Conselho
dos Representantes do Povo, com 548 membros eleitos por
voto direto.
Constituição em vigor: 1995.
Economia
Agricultura: café (228 mil t), cana-de-açúcar (980 mil
t), cevada (1,6 milhão de t), milho (3,3 milhões de t),
sorgo (2 milhões de t)(1997); cereal africano
Pecuária: bovinos (29,9 milhões), ovinos (21,85 milhões),
caprinos (16,85 milhões), suínos (23 mil), camelos (1
milhão), aves (55 milhões), eqüinos (8,6 milhões) (1997)
Pesca: 6,4 mil t (1995)
Mineração: ouro (2,5 t), argila (7 mil t), calcário (3,3
bilhões de t), gipsita (124 mil t), areia (1,6 milhão
de t) (1996)
Indústria: refino de petróleo, bebidas, têxtil
Parceiros comerciais: Arábia Saudita, Alemanha, EUA, Itália,
Japão
Relações
Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, OUA
Embaixada: 2134, Kalorama Road NW, suite 1000, Washington
D.C. 20008, EUA
tel. (202) 234-2281, fax (202) 483-8407 |