Libéria
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A
Libéria possui uma das maiores extensões de mata nativa
do oeste da África, cobrindo quase a metade de seu território.
A costa, que abriga a capital, Monróvia, é uma região
extremamente úmida, com média diária de 25 mm de chuvas
entre maio e outubro. Fundada por ex-escravos africanos
dos Estados Unidos, é a única nação africana não colonizada
por europeus, além da Etiópia. Com a independência, em
1847, torna-se a primeira República do continente. Os
descendentes dos escravos (3% da população) formam hoje
a elite do país. Formalmente, a Libéria tem a maior Marinha
Mercante do mundo, pois um regime fiscal vantajoso faz
com que armadores de diversas nacionalidades registrem
seus navios como liberianos. O novo governo enfrenta uma
economia falida após a guerra civil de 1989 a 1996. A
renda per capita, que era de aproximadamente US$ 400 antes
do conflito, caiu para a metade. Os indicadores sociais
- como analfabetismo (61,7%) e mortalidade infantil (160
por mil nascidos ) - também estão entre os mais baixos
do mundo.
Fatos
Históricos
Os portugueses são os primeiros europeus a chegar à costa
liberiana. A região fica conhecida como Costa da Pimenta,
por causa da produção de pimenta-malagueta. As etnias
nativas descendem de antigas tribos da região sul do Saara.
Nos séculos XVI e XVII, os impérios coloniais que se formavam
no continente africano (França e Inglaterra) tentam anexar
a Libéria. Em 1816 é criada, nos Estados Unidos, a Sociedade
Americana de Colonização, a fim de enviar escravos libertados
de volta à África. O primeiro grupo chega à região em
1822 e funda Monróvia, a atual capital. Em 1847, Joseph
Jenkins Robert, governador da comunidade de negros americanos
na Libéria, nascido na Virgínia (EUA), de antepassados
mestiços, proclama a independência da República e torna-se
seu primeiro presidente. De 1850 a 1920, o país perde
terras para as colônias vizinhas e vê a economia declinar,
mas o governo recusa a proposta de tutela estrangeira.
Neste século, a Libéria permanece estável até o final
dos anos 70. A partir daí cresce a oposição ao partido
situacionista com a criação da Aliança Progressista da
Libéria. Em 1979, o anúncio do aumento do preço do arroz
causa saques e desordens. Em abril de 1980, o sargento
Samuel Doe derruba o governo, executa o presidente William
Tolbert Jr. e suspende a Constituição. Doe adota políticas
voltadas para a população pobre. Depois de eleições denunciadas
como irregulares e de uma tentativa de golpe militar frustrada,
guerrilheiros iniciam a luta contra o governo, em 1989.
Guerra
civil
O presidente Doe é morto em 1990, após cair nas mãos de
rebeldes que haviam tomado a capital juntamente com a
Frente Patriótica Nacional (NPFL), de Charles Taylor.
A guerra civil prossegue até 1991, e 1,5 milhão de liberianos
fogem para o exterior. Um acordo de paz assinado em 1993
não é respeitado. Novo acordo, em agosto de 1995, leva
à instalação do Conselho de Estado da Libéria. Trata-se
de um órgão executivo de transição, formado por um presidente
sem partido político, o professor Wilton Sankawulo, e
representantes das facções que participaram da guerra
civil. Em abril de 1996, o Conselho de Estado ordena a
prisão de um de seus integrantes, Roosevelt Johnson -
líder do Movimento Unido de Libertação da Libéria para
a Democracia (Ulimo-J), uma das facções em luta -, acusado
de assassinato. A decisão leva ao reinício dos combates
em Monróvia, e milhares de pessoas abandonam o país. Em
agosto é assinado novo acordo de paz, estabelecendo eleições
para 1997 sob a condição de que os grupos rivais sejam
antes desarmados.
Redemocratização
Em setembro de 1996, Ruth Perry torna-se a primeira mulher
chefe de um Estado africano, ao assumir a presidência
do Conselho de Estado da Libéria, como resultado do mais
recente acordo de paz. No mês seguinte, uma tentativa
frustrada de atentado contra Charles Taylor mata três
pessoas. A desmobilização e o desarmamento da guerrilha,
a partir de novembro, são feitos com sucesso, sob ameaça
de sanções às facções que desobedecerem às ordens. No
início de 1997, Taylor dissolve a NPFL, que passa a se
chamar Partido Patriótico Nacional (NPP). Em julho de
1997, Taylor vence a eleição presidencial com 75% dos
votos, considerada legítima pelas forças de paz da Comunidade
dos Estados Africanos do Oeste (Ecomog) e pela Missão
de Observação das Nações Unidas na Libéria (Unomil). Charles
Taylor é empossado em agosto e, no mês seguinte, termina
o mandato da Unomil, iniciado em setembro de 1993 para
monitorar o cessar-fogo acertado na época. A ONU estima
entre 100 mil e 150 mil o número de mortos na guerra civil
e em 700 mil o total de refugiados em países vizinhos.
Em setembro de 1998 eclodem violentos choques em Monróvia,
deixando quase 50 mortos. Os combates são retomados em
reação à tentativa do governo de prender Roosevelt Johnson
por acusação de traição.
Dados
Gerais
Nome oficial: República da Libéria (Republic of Liberia)
Capital: Monróvia
Nacionalidade: liberiana
Idioma: inglês (oficial), línguas regionais
Religião: crenças tradicionais 63%, cristianismo 21% (protestantes
18,6%, católicos 2,4%), islamismo 16% (1995)
Moeda: dólar liberiano
Cotação para 1 US$: 1,00 (jul./1998)
Geografia
Localização: oeste da África
Características: planície litorânea com elevações (NE);
planaltos (centro); cadeias de montanhas com nascentes
de rios (NE)
Clima: equatorial chuvoso
Área: 111.369 km²
População: 2,7 milhões (1998)
Composição étnica: grupos étnicos autóctones 72% (principais:
capeles 19%, bassas 15%), árabes libaneses 25%, américo-liberianos
3% (1996)
Cidades principais: Monróvia (668.000), Harper (60.000),
Gbarnga (30.000) (1986); Buchanan (25.000), Yekepa (16.000)
(1985)
Governo
República presidencialista.
Divisão administrativa: 13 condados.
Chefe de Estado e de governo: presidente Charles Ghankay
Taylor (NPP) (desde 1997).
Principais partidos: Patriótico Nacional (NPP) (ex-Frente
Patriótica Nacional, NPFL), da Unidade (UP).
Legislativo: Senado, com 26 membros; Casa dos Representantes,
com 64 membros. Ambos eleitos por voto direto.
Constituição em vigor: 1986.
Economia
Agricultura: café (3 mil t), cacau (500 t), arroz (95
mil t), mandioca (215 mil t), batata doce (17 mil t),
inhame (20 mil t), banana (85 mil t), banana da terra
(35 mil t), látex (25 mil t) (1997)
Pecuária: bovinos (36 mil), suínos (120 mil), ovinos (210
mil), caprinos (220 mil), aves (3,5 milhões) (1997)
Pesca: 7,8 mil t (1995)
Mineração: diamante (150 mil quilates), ouro (700 kg)
(1996); minério de ferro (1,7 milhão de t) (1992)
Indústria: bebidas, química, tabaco, metalúrgica
Parceiros comerciais: EUA, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo,
Holanda (Países Baixos), Itália, França
Relações
Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, OUA
Embaixada: 5201, 16th Street NW, Washington D.C. 20011,
EUA
tel. (202) 723-0437 |