Marrocos

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Localizado no noroeste da África, o Marrocos apresenta contrastes físicos marcantes. Os montes Atlas, com picos que superam 4.000 m, servem de barreira natural para as chuvas, mantendo a costa norte fresca e úmida. A porção sul é ocupada pelo deserto do Saara - compreende o Saara Ocidental, região anexada pelo governo marroquino sem o reconhecimento da ONU e que concentra enormes jazidas de fosfato. É o país mais visitado do Magreb, nome dado ao extremo oeste do mundo árabe. As cidades imperiais de Fès, Marrakech e Meknès, com seus antigos mercados e monumentos árabes, atraem centenas de milhares de turistas, muitos vindos da Espanha. Para atingir o Marrocos, precisam apenas cruzar o estreito de Gibraltar, onde África e Europa quase se tocam. Gibraltar também é a rota mais usada pelos africanos clandestinos que chegam ao continente europeu. Com o objetivo de barrar o fluxo crescente de imigrantes, a União Européia (UE) está financiando a construção de uma cerca que isolará o enclave espanhol de Ceuta - de onde parte a maioria deles - do restante do território marroquino.

Fatos Históricos
O Marrocos é colonizado por navegadores de origem fenícia por volta de 1100 a.C. Romanos, vândalos, visigodos e bizantinos dominam sucessivamente a área. No século VII d.C., os árabes conquistam a região, alcançando também a Espanha. As riquezas naturais do país, aliadas a seu fácil acesso, aguçam a cobiça dos portugueses, que procuram estabelecer-se na costa atlântica, no século XV. Seguem-se os franceses, em 1530. O sultão Mulay Ismail reconquista, no início do século XVIII, quase todas as cidades tomadas pelos europeus. Mas, no fim do século XIX, a França afirma seu domínio sobre a região. Em 1912, pela Conferência de Fès, o Marrocos torna-se protetorado francês, com exceção do sudoeste (atual Saara Ocidental), controlado pela Espanha desde 1884. Agitações nacionalistas e levantes tribais ameaçam o poder franco-espanhol nos anos 20 e 30. Abdel Krim, líder dos berberes, chega a proclamar a República das Tribos Confederadas. Entretanto tropas francesas, auxiliadas pela Espanha, forçam Krim a capitular em 1926. No curso da II Guerra Mundial, com a França ocupada pelos alemães, surge, em 1943, o Istiqlal. De perfil moderado, esse novo partido lidera o movimento nacionalista marroquino, com o apoio dos EUA.

Independência
Em 1947, o sultão Sidi Muhammad se pronuncia a favor da autonomia, sendo deposto e exilado pelos franceses em 1953. O domínio francês, no entanto, é enfraquecido pela derrota da França na Indochina, no ano seguinte, e pela insurreição na Argélia, que estimulam a luta nacionalista no Marrocos. Por pressão popular, Sidi Muhammad retorna ao país em 1955. Em 2 de março de 1956, o Marrocos conquista a independência. A Espanha ocupa e anexa as áreas de Ceuta e Melilla, no litoral norte. Em 1957, Sidi autoproclama-se rei, mudando seu nome para Muhammad V. A oposição à Monarquia se consolida em 1959, com a fundação do partido socialista União Nacional das Forças Populares (UNFP), dissidência do Istiqlal. Posteriormente, a UNFP se divide, originando a União Socialista das Forças Populares (USFP). Muhammad V morre em 1961. Seu filho, Moulay Hassan, sobe ao trono com o nome de Hassan II, permanecendo até hoje na chefia do país. Em 1963 ocorrem as primeiras eleições para a Câmara dos Representantes, que é logo dissolvida. Manifestações estudantis e de desempregados, em 1965, dão ao rei o pretexto para proclamar estado de emergência e assumir poderes ditatoriais. Nas eleições legislativas de 1970, 1977 e 1984, candidatos independentes e partidos leais ao rei conquistam maioria no Parlamento.

Guerra no Saara
Em 1975, o Marrocos anexa dois terços da colônia espanhola do Saara Ocidental; a Mauritânia incorpora o restante do território no ano seguinte. A Frente Polisário lidera um movimento revolucionário que contesta a ocupação e, com o apoio da Argélia, inicia guerrilhas contra marroquinos e mauritanos. Em 1979, a Mauritânia acerta um cessar-fogo com a Polisário e abandona a área, que é invadida pelo Marrocos. O conflito se estende até hoje.

Luta por democracia
A situação política agrava-se nos anos 80. Aumentos no preço dos alimentos provocam greves e manifestações em 1981, 1984 e 1990, todas reprimidas pelo governo. O Exército mata dezenas de pessoas e prende milhares de opositores, mais tarde anistiados. O governo passa a enfrentar também o crescimento do fundamentalismo islâmico e reage colocando na ilegalidade suas principais organizações. A eleição de 1993 é reconhecida pela oposição como a mais legítima desde a independência. O oposicionista Bloco Democrático obtém 99 das 222 cadeiras em disputa. Mas a eleição indireta de 111 deputados (dos quais apenas 21 pertencem à oposição) desequilibra a composição do Parlamento em favor dos partidos que apóiam o rei. Em 1994, num esforço para satisfazer a oposição e grupos humanitários, o rei liberta 424 presos políticos. No ano seguinte tenta aproximar-se de seus oponentes, mas o diálogo fracassa. Em 1996 é aprovada em referendo a reforma constitucional, como parte dos projetos do rei de democratizar o país. Os principais pontos são a eleição direta para toda a Câmara dos Representantes - que passa a ter 325 lugares - e a instituição do sistema bicameral - é criada a Câmara dos Conselheiros, escolhida por sufrágio indireto. O cerco aos opositores, no entanto, prossegue: em 1996 e 1997, o governo dispersa com violência manifestações de estudantes e desempregados, prendendo vários participantes.

Socialistas no poder
A eleição para a Câmara dos Representantes, em novembro de 1997, altera o cenário político marroquino. A oposição, reunida na coalizão socialista Bloco Democrático (Koutla), conquista 102 cadeiras no Parlamento, derrotando por pequena margem de votos a coalizão governista Entente Nacional (Wifaq), que elege 100 deputados. Os partidos de centro e demais obtêm o restante dos assentos. Na eleição indireta para a Câmara dos Conselheiros, ocorrida no mês seguinte, a Wifaq sai vitoriosa, obtendo 166 cadeiras. Em fevereiro de 1998, o rei Hassan II confia a chefia do governo a Abderrahmane el-Yousifi, da USFP, um de seus mais antigos opositores. É a primeira vez em seus 37 anos de reinado que os socialistas assumem a gestão do país, numa coalizão com partidos de centro.

Dados Gerais
Nome oficial: Reino do Marrocos (Al-Mamlaka al-Maghribiya)
Capital: Rabat
Nacionalidade: marroquina
Idioma: árabe (oficial), berbere, francês, espanhol
Religião: islamismo 98,7% (maioria sunita), cristianismo 1,1%, outras 0,2% (1993)
Moeda: dirrã marroquino
Cotação para 1 US$: 9,71 (jul./1998)

Geografia
Localização: noroeste da África
Características: litoral escarpado (Mediterrâneo) e plano (Atlântico); planícies costeiras; planaltos (L); 4 sistemas montanhosos da cadeia dos Atlas (centro e O)
Clima: mediterrâneo (litoral), árido subtropical (centro), de montanha (L)
Área: 710.850 km²
População: 28 milhões (1998)
Composição étnica: árabes marroquinos 70%, berberes 30% (1996)
Cidades principais: Casablanca (2.943.000), Rabat (1.220.000), Fès (564.000) (1993)
Patrimônios da Humanidade: Medinas de Fès e de Marrakesh Marrakech; Ksar de Ait-Ben-Haddou, nas proximidades de Quarzazate; Centro Histórico de Meknes; Sítio Arqueológico de Volubilis, nos arredores de Meknès; Medina de Tétouan

Governo
Monarquia parlamentarista.
Divisão administrativa: 7 regiões subdivididas em províncias e 2 prefeituras (Casablanca e Rabat).
Chefe de Estado: rei Hassan II (desde 1961).
Chefe de governo: primeiro-ministro Abderrahmane el-Yousifi (USFP) (desde 1998).
Principais partidos: coalizão Bloco Democrático (União Socialista das Forças Populares, USFP; Istiqlal; entre outros), coalizão Entente Nacional (União Constitucional, UC; Movimento Popular, MP; entre outros), União Nacional dos Independentes (RNI), Movimento Democrático e Social (MDS).
Legislativo: bicameral - Câmara dos Conselheiros, com 270 membros escolhidos por colégios eleitorais e por associações profissionais e de comércio; Câmara dos Representantes, com 325 membros eleitos por voto direto. Com mandatos de 9 e 5 anos, respectivamente.
Constituição em vigor: 1992.

Economia
Agricultura: trigo (2,3 milhões de t), cevada (1,3 milhão de t), beterraba (2,6 milhões de t), frutas cítricas (1,2 milhão de t), tomate (895 mil t), batata (1,1 milhão de t)(1997)
Pecuária: bovinos (2,6 milhões), ovinos (17,6 milhões), caprinos (4,9 milhões), camelos (36,5 mil), eqüinos (1,6 milhão), aves (100 milhões) (1997)
Pesca: 622,4 mil t (1995)
Mineração: fosfato (20 milhões de t), carvão (antracito: 505,6 mil t), minério de ferro (12,3 mil t) (1996)
Indústria: fertilizantes, refino de petróleo, alimentícia, têxtil
Parceiros comerciais: França, Espanha, EUA, Alemanha, Arábia Saudita, Japão, Índia, Itália

Relações Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU
Embaixada: SEN - Av. das Nações, lote 2, CEP 70432-900, Brasília, DF
tel. (061) 321-4487, fax (061) 321-0745

 
 
Fonte: Almanaque Abril CD-ROM 1999 - 6.ed