Somália

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A Somália é uma nação semidesértica situada no chamado Chifre da África, no nordeste do continente. O norte montanhoso fica às margens do golfo de Áden. O sul é uma planície que acompanha o oceano Índico, com savanas e fauna diversificada. O deserto de Ogaden, que integrava o centro do território somali, é entregue à vizinha Etiópia pelos ingleses. O país tenta sem sucesso reconquistá-lo, numa guerra que dura 11 anos. A população vive na região há milênios e constitui-se, na maioria, de pastores nômades de rebanhos de camelo - o maior do mundo - e de outros animais. Apesar de pertencer a uma mesma "tribo" e falar a mesma língua, o povo somali encontra-se dividido em clãs rivais, que estão em guerra civil desde 1991. Tropas estrangeiras intervêm na Somália entre 1992 e 1995, mas fracassam na tentativa de pacificar o país, também abalado pela seca e pela fome.

Fatos Históricos
Na Antiguidade, a região fornece especiarias, mirra e incenso ao Egito e Oriente Médio. A partir do século VII, os árabes instalam na costa entrepostos comerciais que evoluem para sultanatos, enquanto o interior continua dominado por pastores nômades. Os portugueses ocupam o litoral nos séculos XV e XVI. No início do século XIX, as cidades litorâneas são incorporadas ao Império Turco-Otomano. Os britânicos conquistam o norte do país e instalam o protetorado da Somalilândia. O sul torna-se colônia italiana em 1904. No começo do século XX eclode uma rebelião contra o colonialismo britânico liderada por Mohammed Abdullah, derrotado após 20 anos de guerrilha. Em 1936, a Itália invade a Etiópia e passa a dominar o extremo leste da África. Em 1941, durante a II Guerra Mundial, a Somália italiana é ocupada pelos britânicos. O movimento nacionalista ganha impulso em 1945 com a formação de organizações anticolonialistas. No pós-guerra, o Reino Unido entrega à Etiópia o deserto de Ogaden, que fazia parte da Somália, provocando indignação entre os somalis. Uma decisão da ONU dá à Itália mandato para administrar temporariamente sua ex-colônia no sul da Somália. A independência ocorre em 1960, com a retirada de italianos e britânicos e a unificação da Somália, que se torna uma República. Em 1969, um golpe militar leva ao poder o general Siad Barre.

Guerra do Chifre da África
Tensões com a Etiópia pela posse de Ogaden, habitado por somalis, levam à invasão do território pela Somália em 1977, deflagrando a Guerra do Chifre da África. A URSS, até então aliada do regime somali, muda de lado e apóia a Etiópia. A Somália volta-se para os EUA. Em 1978, as tropas somalis são expulsas de Ogaden pela Etiópia com a ajuda de soldados cubanos. Um milhão de somalis que viviam em Ogaden tornam-se refugiados na Somália. Combates prosseguem em Ogaden até a assinatura do acordo de paz, em 1988, que incorpora a região à Etiópia.

Desgoverno
O general Barre governa ditatorialmente até 1991, quando é derrotado por uma coligação de grupos rebeldes e foge do país. As facções vitoriosas estão divididas, e a Somália passa a ser uma nação sem governo, com mais de 20 clãs armados lutando entre si. Os principais pertencem ao Congresso da Somália Unificada (USC), movimento dividido em duas facções rivais: uma liderada pelo presidente interino Ali Mahdi Mohammed e outra chefiada pelo general Mohammed Farah Aidid, que, em 1992, funda a Aliança Nacional da Somália (SNA). Outro grupo expressivo é o clã Isac, reunido no Movimento Nacional da Somália (SNM), que conquista o norte e autoproclama a "República da Somalilândia" em abril de 1991-não reconhecida internacionalmente.

Intervenção estrangeira
Nesse ambiente de caos a fome se alastra. Entidades humanitárias estrangeiras enviam alimentos, que são confiscados pelos grupos armados, em especial pelo clã de Aidid. Tropas dos EUA intervêm na Somália, com autorização da ONU, em 1992. No ano seguinte são substituídas por uma força de paz da ONU, a Unosom, que também entra no combate contra a guerrilha de Aidid. Pouco depois, os EUA retornam com tropas especiais e bombardeiam posições de Aidid, sem derrotá-lo. A pressão da opinião pública norte-americana, contrária ao envolvimento na Somália, leva a nova retirada dos EUA em 1994. A intervenção militar internacional termina em 1995, com a saída das últimas tropas. Um confronto entre clãs na Somalilândia, em 1995, deixa centenas de mortos e refugiados, que se dirigem para a Etiópia. Em agosto de 1996, Aidid morre em combate e é substituído por seu filho Hussein Mohammed Aidid. Em fevereiro de 1997, Mohammed Ibrahim Egal é reeleito para presidente da Somalilândia. Nos meses seguintes, a seca prolongada agrava a fome no sudoeste do país.

Conversações de paz
Em dezembro de 1997 - após um ano de negociações -, a maioria dos grupos políticos em atividade na Somália assina declaração conjunta no Cairo (Egito) visando à pacificação do país. Uma das medidas acertadas é a instituição de um conselho presidencial e de um Legislativo. Em maio de 1998 forma-se um governo de transição integrado pela maioria das facções. Os combates, porém, não cessam. Em junho, a violência entre clãs no sul mata cerca de 40 pessoas. Em setembro entra em funcionamento um Parlamento regional na autoproclamada região autônoma de Puntland (nordeste do país).

Dados Gerais
Nome oficial: República Democrática Somali (Jamhuuriyadda Dimoqraadiga Soomaaliya)
Capital: Mogadíscio
Nacionalidade: somali
Idioma: árabe e somali (oficiais), inglês, italiano
Religião: islamismo 99,9% (sunitas), outras 0,1% (1995)
Moeda: xelim somaliano
Cotação para 1 US$: 7.680,00 (jul./1998)

Geografia
Localização: leste da África
Características: relevo plano e árido; litoral com recifes de coral (maior parte) e com escarpas (N); planície litorânea (L); cadeia montanhosa (N); vales fluviais férteis (SO)
Clima: árido tropical
Área: 637.657 km²
População: 10,7 milhões (1998)
Composição étnica: somalis 98,3%, árabes 1,2%, bantos 0,4%, outros 0,1% (1983)
Cidades principais: Mogadíscio (900.000), Hargeysa (90.000), Kismaayo (90.000), Berbera (70.000), Marka (62.000) (1990)

Governo
Regime de transição formado pela maioria dos grupos em conflito.
Divisão administrativa: 16 regiões.
Partidos políticos: não há.
Legislativo: não há.
Constituição: suspensa desde 1991.

Economia
Agricultura: banana (55 mil t) (1997)
Pecuária: bovinos (5,2 milhões), ovinos (13,5 milhões), caprinos (12,5 milhões), suínos (9 mil), eqüinos (45 mil), camelos (6,1 milhões), aves (3 milhões) (1997)
Pesca: 14,85 mil t (1995)
Mineração: calcário (45 mil t), sal (1 mil t) (1996)
Indústria: alimentícia (açúcar), couro e peles, refino de petróleo
Parceiros comerciais: Itália, Arábia Saudita, Reino Unido, Alemanha, Quênia, Etiópia

Relações Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, OUA

 
 
Fonte: Almanaque Abril CD-ROM 1999 - 6.ed