Zimbábue

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País do sudeste da África, o Zimbábue não tem acesso ao mar. Suas principais atrações turísticas são as reservas de animais selvagens, que cobrem 13% do território, e as cataratas de Vitória (Victoria Falls), chamadas de "Fumaça que troveja" pelos nativos. Ex-colônia britânica, sob o nome de Rodésia do Sul, é uma das mais desenvolvidas nações africanas. Possui reservas de ouro, níquel, cobre, prata, ferro e esmeralda, minerais exportados em grandes quantidades. Cerca de 80% da força de trabalho vive da agricultura de subsistência, em especial nas plantações de milho, alimento básico dos habitantes. Os grupos étnicos majoritários são os chonas e os nedebeles. Os brancos representam 2% da população, mas concentram grande parte da riqueza nacional. A disseminação da Aids no Zimbábue é alarmante - o país registra 9.129 novos casos da doença em 1996, um dos maiores índices do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Fatos Históricos
A antiga cidade de Zimbábue é a sede de uma desenvolvida civilização que floresce entre os séculos IX e XIII. Portugueses traficantes de escravos penetram na região no século XVI. Tentam ocupá-la para unir os territórios lusitanos de Moçambique (vizinho de Zimbábue) e Angola, na costa atlântica. Exploradores britânicos frustram o plano de Portugal. No século XIX, Cecil Rhodes obtém concessão para a exploração mineral do território. Tropas do Reino Unido vencem a resistência das tribos nativas mashona e matabele e, em 1888, estabelecem um protetorado. A Rodésia é entregue à administração da Companhia Britânica da África do Sul, fundada por Rhodes, que a controla até 1923, quando passa à tutela direta das autoridades britânicas. A região é dividida em Rodésia do Norte (atual Zâmbia) e Rodésia do Sul (depois Rodésia, hoje Zimbábue). Colonos brancos instalam-se na Rodésia do Sul, onde formam um governo autônomo que exclui a população negra.

Regime racista
Em 1953, as duas Rodésias e a colônia de Niassalândia (atual Malauí) formam uma federação sob tutela britânica. Em 1961, a Rodésia do Sul adota uma Constituição que garante o domínio dos brancos, em termos semelhantes aos do Apartheid sul-africano. A federação é dissolvida em 1963. O Reino Unido concede independência a Zâmbia e Malauí em 1964, mas recusa-se a dá-la à Rodésia do Sul. O conflito favorece a ascensão da Frente Rodesiana, partido racista branco. Seu líder, Ian Smith, torna-se primeiro-ministro e proclama a independência da Rodésia em 1965. A iniciativa não é aceita pelo Reino Unido. A ONU condena o governo racista de Smith e lhe impõe sanções econômicas em 1968. O regime rodesiano recebe o apoio da África do Sul e de Moçambique, na época sob domínio português. Nos anos 70, movimentos guerrilheiros aumentam a pressão sobre o governo. Apesar disso, a Rodésia alcança um dos mais elevados padrões de vida do continente. Em 1978 é assinado o Acordo de Lancaster House. Ele marca o início da transição para um governo democrático, com direito a voto para todos os habitantes. Também garante aos brancos o direito de propriedade e de cidadania. Mas é rejeitado pela Frente Patriótica (PF), organização guerrilheira que une a União Nacional Africana do Zimbábue (Zanu), de Robert Mugabe, e a União Africana do Povo do Zimbábue (Zapu), de Joshua Nkomo.

Independência e hegemonia negra
Eleições são realizadas em abril de 1979, com a vitória do Congresso Nacional da África Unida, do bispo Abel Muzorewa. Ele se torna primeiro-ministro do "Zimbábue-Rodésia", nome adotado pelo país. Mas o resultado é contestado pela PF. Em dezembro, o Parlamento se dissolve. Muzorewa renuncia e o país volta ao domínio britânico. É estabelecido um período de transição para a independência, com base numa Constituição democrática. A PF endossa o Acordo de Lancaster House. As eleições efetuam-se em fevereiro de 1980, dando maioria à Zanu, de Mugabe, que se torna primeiro-ministro. A independência é proclamada em abril e o país é admitido na ONU. Nkomo passa para a oposição. Guerrilheiros ligados a seu partido atacam o governo, com o apoio da África do Sul. As eleições de 1985 ampliam a maioria da Zanu no Parlamento. Em 1987, a Constituição é emendada, eliminando as vagas reservadas aos brancos no Parlamento. Mugabe assume a Presidência e amplia seu poder - acumula os cargos de presidente e primeiro-ministro. Em 1989, Mugabe e Nkomo fundem a Zanu e a Zapu num mesmo partido, a Zanu-PF, que adquire o controle político do Zimbábue.

Reforma agrária
A oposição rearticula-se em 1990, quando o Movimento pela Unidade do Zimbábue (ZUM), formado por dissidentes da Zanu, estabelece uma coligação com a Aliança Conservadora, do ex-primeiro-ministro Ian Smith, com apoio da elite branca. Mugabe é reeleito e a Zanu-PF mantém maioria parlamentar. Em 1991, Mugabe adota o plano de ajuste exigido pelo FMI, com privatização de estatais, liberalização de preços e estímulo a investimentos estrangeiros. A aplicação do plano provoca protestos em 1992. No mesmo ano, o Parlamento aprova a Lei de Reforma Agrária, pela qual o governo pode desapropriar terras de fazendeiros brancos e redistribuí-las aos agricultores negros. Denúncias de que membros do governo haviam adquirido terras destinadas à reforma agrária levam à suspensão temporária do plano em 1994. Nas eleições de 1995, a coligação Zanu-PF obtém 118 das 120 cadeiras do Parlamento em disputa e, no ano seguinte, Mugabe é reeleito para presidente. A situação econômica se agrava: a dívida pública supera o valor do PIB e a inflação chega a 22% ao ano. Em junho de 1997, a capital, Harare, recebe uma cúpula de chefes de Estado que cria a Comunidade Econômica Africana, área de livre comércio abrangendo grande parte do continente. Em julho, o Zimbábue, com a Namíbia e Botsuana, consegue derrubar parcialmente a proibição do comércio de marfim na África, em vigor desde 1990 para evitar a extinção dos elefantes. Mugabe decide acelerar o programa de reforma agrária em outubro de 1997 e condiciona a indenização aos fazendeiros brancos à ajuda financeira do Reino Unido. O governo publica em novembro uma lista de 1.503 propriedades a ser "imediatamente" desapropriadas, provocando protestos. Mas volta atrás, em março de 1998, sob pressão do FMI, que ameaça cortar o empréstimo de US$ 174 milhões ao país. Uma nova proposta, de desapropriar 118 fazendas improdutivas ressarcindo os proprietários brancos, é anunciada em setembro.Protestos contra o governo - Milhares de pessoas protestam em janeiro de 1998 contra o aumento de 21% no preço do milho, posteriormente revogado. Segundo estimativas, o custo de vida aumentou 140% de outubro de 1997 a janeiro de 1998. Nove pessoas morrem e cerca de 800 são presas na violenta repressão do Exército às manifestações, as mais graves desde a independência.

Dados Gerais
Nome oficial: República do Zimbábue (Republic of Zimbabwe)
Capital: Harare
Nacionalidade: zimbabuana
Idioma: inglês (oficial), línguas regionais (principais: chichona e sindebele)
Religião: cristianismo 42,8% (protestantes 17,5%, adeptos de religiões cristãs africanas 13,6%, católicos 11,7%), animismo 40,4%, outras 16,8% (1980)
Moeda: dólar zimbabuano
Cotação para 1 US$: 17,62 (jul./1998)

Geografia
Localização: sudeste da África
Características: região de planaltos ondulados que separam as bacias dos rios Zambeze (N) e as do Limpopo e Save (S); lago Kariba (NO)
Clima: tropical
Área: 390.759 km²
População: 11,9 milhões (1998)
Composição étnica: chonas 71%, nedebeles 16%, ingleses 1%, outros 12% (1996)
Cidades principais: Harare (1.184.169), Bulawayo (620.936), Chintung-wiza (274.035), Mutare (131.801), Gweru (124.735) (1992)
Patrimônios da Humanidade: Parques Nacionais Mosi-oa-Tunya/Victoria Falls; Mana Pools; Reservas de Caça Sapi e Chewore; Monumentos Nacionais do Grande Zimbábue e das Ruínas de Khami

Governo
República presidencialista.
Divisão administrativa: 10 províncias.
Chefe de Estado e de governo: presidente Robert Gabriel Mugabe (Zanu-PF) (desde 1987, reeleito em 1990 e 1996).
Principais partidos: coalizão União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (Zanu-PF); Movimento pela Unidade de Zimbábue (ZUM).
Legislativo: unicameral - Casa da Assembléia, com 150 membros (120 eleitos por voto direto, 12 nomeados pelo presidente, 10 chefes tradicionais e 8 governadores) com mandato de 6 anos.
Constituição em vigor: 1980.

Economia
Agricultura: tabaco (215,4 mil t), milho (2,2 milhões de t), pluma de algodão (100 mil t), café (10,4 mil t), cana-de-açúcar (4,6 milhões de t)(1997)
Pecuária: eqüinos (130 mil), bovinos (5,4 milhões), ovinos (530 mil), suínos (270 mil), caprinos (2,7 milhões), aves (15,5 milhões) (1997)
Pesca: 21,8 mil t (1995)
Mineração: ouro (24,7 t), níquel (11,6 mil t) (1996)
Indústria: alimentícia, siderúrgica (aço, ferrocromo), química, têxtil
Parceiros comerciais: África do Sul, Reino Unido, Alemanha, Japão, EUA

Relações Exteriores
Organizações: Banco Mundial, Comunidade Britânica, FMI, OMC, ONU, OUA, SADC
Embaixada: 1608, New Hampshire Avenue NW, Washington D.C. 20009, EUA
tel. (202) 332-7100

 
 
Fonte: Almanaque Abril CD-ROM 1999 - 6.ed